MÚLTIPLAS ORALIDADES

   O blog Múltiplas Oralidades foi elaborado pelos alunos: Hugo Carlos da Silva; Marcelle Cristine Silva; Suzana de Magalhães Araújo e Yara Elizabeth Alves. Sua criação é uma proposta da disciplina Fundamentos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, ministrada pela professora Célia Abicalil Belmiro.

Antes de existir computador

“O Grito” 1893, de Edvard Munch.

Existia a TV

Antes de existir TV

Existia luz elétrica

Antes de existir luz elétrica

Existia bicicleta

Antes de existir bicicleta

Existia enciclopédia

Antes de existir enciclopédia

Existia alfabeto

Antes de existir alfabeto

Existia a voz

Antes de existir a voz

Existia o silêncio…

o silêncio…

(Arnaldo Antunes, Moto Perpétuo)

   No poema de Arnaldo Antunes, evidencia-se que, primeiro, existiu a voz e antes dessa, apenas o silêncio. Já “O Grito”, 1893, de Edvard Munch, uma das obras mais importantes do expressionismo, retrata, como indicado em seu título, o grito.

   Silêncio e grito, dois extremos, que distantes de serem antagônicos, constituem uma forma textual-discursiva para fins comunicativos: a fala. Que expressa-se na oralidade, uma prática social interativa apresentada “sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora; que compreende desde uma realização mais informal à mais formal, nos mais variados contextos de uso” (MARCUSCHI, 2001, pág. 25). Passemos então, a falar de oralidades.

   Com o advento da imprensa e da escrita mecânica a escrita separa-se da palavra falada “deslocando-se do território do som e do tempo para o do olho e do espaço. O texto ganha autonomia em relação à palavra falada e o escrito passa a significar mais do que  simplesmente a escrita” (ROXO, 2006, pág.23).

  Com a invenção da imprensa o autor e o escriba, a grafia e o texto, a escrita e o escrito fundiram-se e confundiram-se. As relações entre esses elementos tornaram-se complexas, exigindo um refinamento de análise nem sempre encontrado quando se fala da escrita e de seu processo de apropriação pelo aprendiz, na relação com a oralidade.

  Segundo Roxo (2006), muitos autores, apontam como traço definidor da escrita em relação à fala, uma característica que emergiu no momento do surgimento do texto impresso: a descontextualização, a autonomia do texto escrito em relação à sua situação de produção ou contexto. Para esses autores o discurso oral é abreviado, lacunar, falho, fragmentário, desorganizado e preso ao contexto.

  Essas distinções, apontadas pelos autores, constituem a perspectiva dicotômica, que considera que a linguagem oral e a linguagem escrita são distintas e apresentam características opostas. Fundamentando-se nessas considerações desenvolvem-se mitos referentes a superioridade da escrita em contra-posição a submissão da oralidade.

  A crítica a essa concepção relaciona-se a generalização para toda a linguagem oral as características do diálogo cotidiano, e para a escrita as características de certos escritos formais e públicos. A partir das críticas à perspectiva dicotômica, desenvolve-se a perspectiva discursiva; que passa a considerar uma relação de mútua interdependência entre os gêneros orais e escritos. Como afirma Marcuschi (2001) oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos nem uma dicotomia. “Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais, dialéticas e assim por diante.” (MARCUSCHI, 2001, pág. 17).

  Nessa relação “há sempre o falar para escrever, o escrever para falar, o escrever para escrever, e o falar para falar, o que demonstra que um gênero é sempre dependente de outros gêneros. Constitui-se assim um fenômeno evidente de intertextualidade.” (ROXO, 2006, pág. 40). Nesse sentido, a concepção discursiva considera que:

O oral não existe, existem orais: atividades de linguagem realizadas oralmente; gêneros que se praticam essencialmente por meio da oralidade. Ou então atividades de linguagem que combinam o oral e o escrito. De fato nada há em comum entre a performance de um orador e a conversação cotidiana; entre a tomada de turno num debate formal e numa discussão num grupo de trabalho; entre uma aula dada e uma explicação dada numa situação de interação imediata; entre a recontagem de um conto em sala de aula e a narrativa de uma aventura no pátio do recreio. Os meios lingüísticos diferem fundamentalmente; as estruturas sintáticas e textuais são diferentes; a utilização da voz, sempre presente, também se faz diferentemente; e também a relação com a escrita é específica em cada caso. (SCHNEWLY, 1997).

    A perspectiva de múltiplas oralidades é a concepção que fundamenta nosso trabalho, nomeando o blog, que tem como objetivo exemplificar as interações entre a linguagem oral e escrita, sem sobrepô-las, evidenciando a diversidade das mesmas.

  Nesta página inicial do blog, há um texto que produzimos sobre as múltiplas oralidades, e uma breve análise em que associamos o poema de Arnaldo Antunes e a pintura “O Grito” de Edvard Munch.

   Na página Oralidade e Poesias, realizamos uma discussão das relações entre as mesmas e apresentamos alguns links que abordam essas associações nas práticas escolares.

  Em Oralidades e Contos tratamos da transmissão oral dos contos e suas transformações ao longo do tempo. Destacamos a importância desses, associados a leitura  e a escrita no processo de ensino-aprendizagem, e apresentamos alguns mitos, lendas e contos folclóricos brasileiros.

  Na página Construção do Blog, descrevemos o processo de elaboração do blog: as leituras realizadas, as sínteses, resenhas e resumos que produzimos, os sites que consultamos e os vídeos que assistimos. Além de explicitarmos nossa experiência de construção do blog. Em Autores do Blog, nos apresentamos e compartilhamos com vocês os contos que produzimos.

 Já na página Referências Bibliográficas, descrevemos o levantamento bibliográfico que realizamos sobre a temática, com o objetivo de subsidiar novos estudos e pesquisas.

  Sabemos que a leitura de um blog não é uma leitura “linear”, algumas vezes, clicando em alguns links você será transportado a páginas externas e internas ao blog. Nesse sentido, valerá muito a pena ficar perdido no Múltiplas Oralidades. 

Hugo Carlos 

Marcelle Cristine

Suzana de Magalhães

Yara Elizabeth 

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